No sexo, quantidade não é mais importante do que qualidade. Um orgasmo bem sentido é mais satisfatório do que orgasmos múltiplos!

Recentemente, a cantora e atriz mexicana Thalía afirmou, durante uma entrevista, que o segredo de sua beleza e juventude, aos 44 anos, é ter 50 orgasmos em uma noite. A afirmação da cantora causou um certo rebuliço porque o tema orgasmo ainda é cercado de preconceitos, tabus e, principalmente, pela falta de conhecimento sobre o assunto.

Esclarecendo um pouco melhor a frase de impacto de Thalia, ela referia-se aos orgasmos múltiplos. Todas as mulheres podem ter orgasmos múltiplos, desde que conheçam bem o próprio corpo, tenham bom entrosamento com o parceiro, saúde hormonal equilibrada, libido e lubrificação. O orgasmo múltiplo acontece quando o estímulo conseguido logo após atingir o primeiro orgasmo continua. Assim, o tempo entre um orgasmo e outro fica bem mais curto possibilitando atingir vários orgasmos em seqüência.

Não existe número máximo de orgasmos definido. As mulheres podem alcançar orgasmos múltiplos, pois não têm período refratário, ou seja, o tempo de pausa. A excitação nas mulheres é diferente da dos homens, que precisam apenas de maior irrigação sanguínea no pênis para ter uma ereção. Para as mulheres, o emocional tem um peso grande e, por isso, a descarga de endorfina e prolactina do clímax não encerra o prazer. Se o estímulo continuar, é possível chegar lá muitas vezes.

 

Existem muitos tipos de orgasmo

A realidade que aparece nos consultórios de sexologia mostra, basicamente, reclamações de mulheres de diferentes faixas etárias frustradas por se sentirem incapazes de atingir o orgasmo através da penetração vaginal.

A sexualidade feminina vai muito além de qualquer terminologia e, até hoje, não foi publicada uma pesquisa para classificar as diferentes intensidades, características do orgasmo e suas variações. A ciência ainda não tem conclusões claras. Sabemos que existe um único tipo de orgasmo que é sentido não somente na vagina como também em toda a vulva e assoalho pélvico. Muitas mulheres relatam sentir sensações de contração que se espalham também pelas coxas. O que difere é onde a estimulação foi sentida. Pode ser no clitóris, canal vaginal, ou mesmo nos seios ou outra zona erógena

Porém, Ana Rosa Jurado, médica e sexóloga no Instituto Europeu de Sexologia em Marbella também afirma que não há somente orgasmo vaginal e clitoriano. “No clitóris existem inúmeras terminações nervosas que produzem o orgasmo. No entanto, o orgasmo pode ser conseguido de várias maneiras além das obtidas por meio dos aspectos anatômicos/ funcionais, mas também pelos componentes erótico, sentimental e coexistência”.

Uma pesquisa feita por especialistas franceses e mexicanos, publicada na revista Nature Reviews Urologia, mostra que a área responsável pelo máximo prazer sexual feminino é muito mais complexa do que a existência de um único ponto e depende de uma área muito maior. Eles identificam como ‘uretroClitoral vaginal’ (CUV), isto é, uma área multifacetada morfofuncionais que quando estimulado de forma adequada por meio da penetração induz respostas relacionadas com o prazer sexual.

 

Orgasmo clitoriano x vaginal

 
A biologia ainda não explicou para que serve o orgasmo da mulher sob o ponto de vista da preservação da espécie. O masculino tem a função de estimular a ejaculação. O feminino, provavelmente de tornar o corpo receptivo ao ato recebendo o pênis. O clímax das mulheres, varia de 10 a 23 segundos, podendo ser estendido com a estimulação contínua. Os espasmos duram, em média, 0,8 segundo. Um estudo, realizado em 2012 pela Escola Médica da Universidade de Minnesota, concluiu que o tempo é praticamente o mesmo para ambos os sexos, de 20 a 30 segundos. Para alguns, o intervalo sobe para 30 até 90 segundos.

A especialista em questões de orgasmo, Ariana Costa CapinSokol, ginecologista e sexólogo no Instituto de Sexologia, em Barcelona, falou sobre essa questão no Congresso Espanhol de Sexologia e Profissionais Ibero-americanas de Sexologia, em 2016. Ela diz que existem muitos mitos e crenças falsas sobre o orgasmo. “Termos tão difundido como Ponto G, orgasmo vaginal ou clitoriano estão sendo usados de forma completamente errada causando confusão”, explica Costa CapinSokol, citando pesquisa publicada na revista ClinicalAnatom.

Muitos fatores podem atrapalhar o orgasmo feminino. O estresse, a tensão e a preocupação são alguns deles. Existem algumas formas de encontrar o próprio prazer sexual:

 

  1. Tocar o corpo sem pudor sentindo cada parte até sentir vontade de tocar as partes intimas
  2. Ter fantasias – ajuda a diminuir a tensão e inibição
  3. Evitar o uso de É mito achar que o álcool ou as drogas ajudam a desinibir para o sexo
  4. Transar de lado, por ser mais confortável para algumas mulheres, auxilia a estimulação do clitóris durante a penetração

 

O clitóris é a zona mais erógena do corpo feminino, muitas vezes chamado de “pênis feminino” porque é feito do mesmo tipo de células que o pênis masculino. Além disso, é possível que qualquer mulher atinja o clímax somente com estimulação do clitóris.

Um estudo publicado na revista ClinicalAnatomy, em 2014, garante ter descoberto a chave para o orgasmo feminino. A pesquisa afirma que não há orgasmo vaginal, clitoriano ou mesmo o tão perseguido ponto G, e que o orgasmo feminino deve ser usado como um termo geral para descrever qualquer momento em que uma mulher atinge o seu clímax.

 

Veja o que acontece no corpo durante o orgasmo


Quando o sexo se inicia, a área límbica do cérebro começa a concentrar a maior atividade do corpo, embora alguns neurônios continuem funcionando nos centros sensoriais da visão, da audição, do olfato e principalmente do tato.

Durante o sexo, nossa racionalidade e pensamento lógico ficam reduzidos, resultado do hipometabolismo dos lobos frontais. Nosso lado racional dá lugar ao emocional e nos domina. Nosso sistema límbico entra em ação. O hipocampo, hipotálamo e córtex pré-frontal estão em plena atividade recebendo estímulos vindos dos órgãos genitais e trabalham de forma orquestrada disparando a produção de dopamina, precursora da adrenalina, e serotonina. Uma descarga de motivação e prazer aumenta a frequência cardíaca e respiratória e a pressão arterial, enquanto a ocitocina aumenta o desejo e a sensação de conexão emocional. No momento do orgasmo o centro das “decisões” é o sistema límbico – o núcleo acumbens, que faz a ligação entre o hipocampo, o córtex pré-frontal e a amígdala, disparando a produção de serotonina e dopamina. Depois dessa verdadeira descarga elétrica, a amígdala secreta a endorfina e estimula as vias que utilizam serotonina e dopamina. O clima esquenta e o suor aparece para esfriar os ânimos, inutilmente.
No caso dos homens, na maioria das vezes, há o orgasmo seco. Quando isso acontece a descarga de endorfina e prolactina acaba com a ereção e é preciso esperar o intervalo de repouso. Os homens podem ter ejaculação dormindo. Isso acontece durante a fase REM do sono – é a chamada polução noturna. Pode ter como causa estímulos hormonais ou sonhos eróticos Como atingir o orgasmo depende de uma estimulação cerebral, se esta for intensa e persistente acaba dispensando a manipulação dos órgãos genitais.

 

O orgasmo masculino é estimulado pelo cérebro que manda estímulos para o pênis. Se o homem já ejaculou várias vezes, pode ter orgasmo e não ejacular. Em alguns casos de ejaculação rápida é comum que a saída de esperma seja tão rápida que nem dê tempo de sentir orgasmo. Pacientes que fizeram cirurgia de próstata e que não produzem mais sêmen podem sentir o orgasmo seco.

 

Mas de onde veio o mito do orgasmo vaginal?

Há muito tempo e, durante muitos séculos, as sociedades só permitiam o sexo heterossexual com a finalidade da procriação. Assim, a relação sexual vaginal era a única prática adequada aos velhos tabus. Talvez esteja aí a explicação para os dados de algumas pesquisas que apontam que 70% das mulheres nunca atingiu um orgasmo com a penetração vaginal ou por estimulação clitoriana em masturbação.

 

Orgasmo, beleza e felicidade

 

O orgasmo pode contribuir com a beleza física porque as descargas de dopamina e outros neurotransmissores, durante o clímax trazem a sensação de bem-estar intenso, melhoram a qualidade do sono e diminuem o estresse deixando a cútis mais saudável e o corpo mais disposto.

 

Podemos chegar à conclusão de que modificar algumas crenças é a chave para viver a sexualidade mais livremente e de forma saudável, evitando frustrações. Para isso é importante que as mulheres saibam o que gostam, sentem, o que as faz tremer. É preciso derrubar uma série de crenças sem nexo sobre como chegar ao orgasmo porque, na verdade, o que mais importa é como ele é alcançado.

 

Tenha em mente que, no sexo, quantidade não é mais importante do que qualidade. Um orgasmo pleno é mais satisfatório do que orgasmos múltiplos!

 

Quer saber mais sobre o tema? Leia o meu artigo “Com a maturidade passamos a valorizar mais a intimidade do que a sexualidade” https://www.linkedin.com/pulse/com-maturidade-passamos-valorizar-mais-intimidade-do-que-bressanionde eu falo sobre as diferentes formas de atingir e sentir o orgasmo na maturidade.

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