Aborto, um grave problema de saúde

Recentemente tive a oportunidade de participar do Fórum Aborto: um grave problema de saúde, promovido pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo – CREMESP onde foi abordado o problema do aborto, em relação à saúde pública e às questões legais.

O ponto alto do evento foi a discussão em torno das consequências do aborto inseguro. O médico Cristião Fernando Rosas chefe do setor de Violência Sexual do Hospital Maternidade V. N. Cachoeirinha, em São Paulo, apresentou diversas estatísticas sobre abortos e as complicações causadas por abortos inseguros cuja pior consequência pode ser o óbito.

  • Cerca de 700 mil abortos são praticados, por ano, no Brasil.
  • Morte maternal 47 mil mulheres por aborto, por ano no mundo.

“Criminalidade do aborto é tentativa de controle da sexualidade feminina”, afirmou Cristião.

A maioria dos abortos que temos conhecimento é praticada por mulheres de baixa renda. Mulheres das classes mais privilegiadas abortam em clínicas particulares e esses abortos não são registrados.

Mulheres em situação de pobreza acabem sofrendo ou praticando por falta de conhecimento. Provocam o abortamento e vão para o hospital sangrando, pedindo socorro e necessitam do procedimento de curetagem uterina.

Quando informam uso de medicamento abortivo, podem ser denunciadas pelo corpo medico ou enfermagem podendo chegar a cumprir pena de 1 a 6 anos de detenção. O médico que pratica o abortamento pode cumprir pena de 1,5 ano.

Hoje só na cidade de São Paulo, cerca de 40 mulheres estão sendo julgadas por terem praticado aborto ilegal. A maioria, fruto de denúncia médica.

Juliana Garcia Belloque, coordenadora da Defensoria Pública e membro da comissão de defesa da mulher também compartilhou estatísticas, falou da mulher que aborta, e que é vitima do abandono, da falta de instrução e apoio da sociedade e órgãos públicos.

Dois casos em que o aborto não é considerado crime:

  • Aborto autorizado por graves problemas de saúde da criança, como a anencefalia
  • Vitimas de Estupro

 

Livia Maria A. K. Zago, procuradora do Município de São Paulo (aposentada) afirmou que médicos delatores são poupados e contestou a postura dos órgãos médicos controladores.

O Juiz de Direito, José Henrique Rodrigues Torres defendeu, brilhantemente, os direitos da mulher. Fez um contraponto da lei em relação ao poder da mulher sobre o próprio corpo apontando o contrassenso da lei que protege a esterilização feminina.

Existe um debate em torno do tema Lei x Religião onde a discussão sobre o congelamento de óvulos fecundados teria o significado de congelar seres humanos? E o descarte desses óvulos fecundados? É crime?

 Se isso é real, então porque a interrupção da gestação, com o consentimento da mulher seria crime?

O direito da vida desde a concepção e o direito das gestantes gerou uma série de outros debates, assim como o preconceito gerado pelo fato de que os abortos criminosos são praticados, em sua maioria, por mulheres negras.

Há uma grande preocupação sobre o reconhecimento dos pais, pois um grande contingente de mulheres nem sequer cita a presença e responsabilidade dos pais genitores. Existe aí uma desigualdade de gêneros porque só a mulher é criminalizada no caso do aborto inseguro? Onde fica a responsabilidade do pai?

Abortamento

O abortamento e seus desdobramentos nos mostram que é preciso ensinar a população a se prevenir contra a gravidez indesejada e na ocorrência dela, proteger a mulher gestante e além de tudo, ensinar sobre a igualdade de poder entre os gêneros.

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