A infidelidade é um ato cometido pelo parceiro que rompe um dos principais pilares do relacionamento, a confiança, quebrando o acordo que havia entre ambos.
O que era considerado infidelidade, há cem anos, não pode mais ser considerado hoje em dia. A internet contribui para tornar os casamentos mais vulneráveis oferecendo uma falsa sensação de intimidade por meio de relacionamentos cibernéticos, acesso irrestrito à pornografia e facilidade para flertes. Com base nisso, proponho uma reflexão sobre o que pode ser considerado infidelidade, hoje em dia:
1 Fazer sexo com alguém que não seja seu parceiro(a)?
2 Almoçar todos os dias com um colega de trabalho do outro sexo?
3 Paquerar na internet, sem sexo?
4 A transa de uma noite conta como um “caso”?
5 Fazer sexo oral é o mesmo que fazer sexo?
6 Procurar apoio emocional em alguém do outro sexo é uma espécie de traição?
7 Consumir pornografia virtual é o mesmo que trair?
Douglas Snyder, psicólogo da Texas A&M University-College Station, afirma que “ser infiel não é apenas fazer sexo com outra pessoa”. Assim como ele, muitos psicólogos e especialistas em família acreditam que a infidelidade vai além do sexo. Sendo assim, qualquer forma de trair a confiança do parceiro(a) pode e deve ser considerada traição mesmo que o adultério não se concretize.
A socióloga britânica Catherine Hakim diz que “as traições conjugais tornam os casais mais felizes”. Quando questionada sobre se quem procura um caso está infeliz em casa; ela responde: “não necessariamente” e completa dizendo que “a maioria dos entrevistados para meu último livro The new rules: internet dating, playfairs and erotic power (As novas regras: encontros pela internet, casos rápidos e poder erótico), estava feliz com o casamento e não queria que nada afetasse as circunstâncias familiares. Até por isso se preocupavam em manter o caso com discrição. Eles não pensavam em se separar do cônjuge. Nem em se apaixonar ou viver um grande romance com outra pessoa. Queriam coisas que a relação, depois de três ou quatro anos, não consegue mais oferecer”.
Relacionamentos duradouros exigem de seus parceiros uma ligação emocional forte. Thomas Bradbury, do Instituto do Relacionamento da Universidade da Califórnia em Los Angeles, diz que a economia atual intensifica o problema. “Hoje temos duas pessoas que lutam poderosamente sob circunstâncias muitas vezes difíceis para manter seus casamentos”, ele diz. “Mesmo que a dinâmica interna do casamento não tenha mudado tanto, se de repente as pessoas são menos capazes de gerar essa energia necessária os relacionamentos vão sofrer.”
Casos emocionais
Aproximar-se de outra pessoa para suprir uma necessidade de intimidade pode acabar nos afastando cada vez mais do parceiro(a). Ligações emocionais externas ao casamento têm sido chamadas de “casos emocionais”. Segundo Ronald Potter-Efron, um psicoterapeuta clínico de Eau Claire, Wisconsin, diz que um número crescente de pessoas casadas tem esses relacionamentos. Ele e sua mulher são coautores de um livro sobre o fenômeno chamado The Emotional Affair” (O caso emocional).
Será que homens e mulheres que buscam excitação extrema e aventura em demasia não esperam muito mais do casamento do que nossos pais ou avós esperavam? Talvez façam e recebam muita pressão do parceiro(a) na expectativa que ele seja perfeito, ideal, o melhor amigo ou até mesmo sua alma gêmea. Talvez esperem que uma única pessoa dê tudo o que amigos, familiares, colegas de trabalho e contatos poderiam ou deveriam suprir.
Portanto, se você busca excitação a qualquer preço saiba que o casamento não pode competir com um caso. Os casais precisam encarar a realidade de que a paixão e a excitação do romance, da paquera e da lua de mel não resistirão para sempre. Na realidade serão transformadas em algo mais forte e duradouro que pode ser chamado de amor.
É possível superar genuinamente uma traição?
Acredito que sim, desde que exista amor verdadeiro e desejo de ficar juntos, de ambas as partes. Contudo, devemos ter em mente que a reaproximação pode ser difícil e levar muito tempo. Se a confiança for quebrada é necessário que os parceiros sejam maduros para superar esse momento doloroso, lidar com as próprias mágoas e feridas, reparar e restabelecer a cumplicidade.
A terapia de casais pode ajudar homens e mulheres que estão vivendo esse momento. As consultas são feitas com os cônjuges, entretanto, alguns encontros são feitos separadamente. Caso você esteja passando por esse momento busque apoio profissional!
Sobre a autora
Psicóloga clínica e hipnoterapeuta, especialista em terapia cognitivo comportamental e psicoterapia sexual. Especializada em medicina comportamental, orientadora sexual, psicoterapeuta de casais, professora convidada em cursos de especialização em sexualidade humana, presidente do CEPCoS, membro associado da SBRASH, membro associado da ABPMC, sexóloga do Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Palestrante em cursos de aperfeiçoamento e especialização, workshops, congressos e jornadas. Acompanhamento de profissionais em início de carreira. CONTATO: vmbressani@gmail.com
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Psicóloga clínica e hipnoterapeuta especialista em terapia cognitivo comportamental e psicoterapia sexual. Especializada em medicina comportamental, orientadora sexual, psicoterapeuta de casais, professora convidada em cursos de especialização, presidente do CEPCoS, membro associado da SBRASH, membro associado da ABPMC, sexóloga do Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Palestrante em cursos de aperfeiçoamento e especialização, workshops, congressos e jornadas. Acompanhamento de profissionais em início de carreira. CONTATO: vmbressani@gmail.com